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Re-estabelecimento de comerciantes no Mercado

foto de Pedro Figueiredo

Comunicado de imprensa

O Movimento Mercado Bom Sucesso Vivo vem por este meio tomar posição sobre a forma como a Mercado Urbano, apoiada pela Câmara do Porto, está a tratar os vendedores que pretendem manter as suas bancas de mercado tradicional no espaço proposto pelo projecto daquela empresa. Ao contrário do que tem sido propagandeado pela CMP, não há de facto lugar para qualquer tipo de continuidade para os vendedores do mercado tradicional de frescos como ele é normalmente concebido. Nem mesmo tratando-se de recuperar apenas 44 bancas das iniciais 140.

Segundo as declarações dos próprios ex-vendedores à imprensa há vários casos que o comprovam. No caso de uma loja de 90 m2 que pagava mensalmente à CMP 500 euros, a Mercado Urbano pede agora cinco (5) vezes mais de renda mensal: cerca de 27 euros/m2, ou seja 2500 euros de mensalidade… No caso de um talho que pagava mensalmente à CMP 600 euros, a Mercado Urbano pede agora cerca de 30 euros/m2, ou seja 2000 euros de mensalidade… Os horários exigidos pela Mercado Urbano são também restritivos já que a abertura às 9h00 é tardia para as funções de retalho e venda por grosso.

Estas rendas high-cost que a Mercado Urbano está a propor aos ex-vendedores do Bom Sucesso impedem na prática a sua continuidade no espaço, uma vez que por evidente falta de meios se vêm obrigados a recusar essa solução. Solução que contrasta fortemente com as facilidades e benefícios fiscais que envolvem o negócio low-cost efectuado à margem de qualquer ética entre a CMP e o promotor: uma renda mensal da Eusébios à CMP de apenas 3750 euros (durante 50 + 20 anos), segundo dados oficiais; isenção de imposto IMT concedida pelo Ministério das Finanças em resultado da manobra da classificação do edifício enquanto património municipal, em Dezembro de 2009.

A desproporção entre os valores exigidos aos vendedores e os valores acordados entre a CMP e a Mercado Urbano atingem este patamar de escândalo público. O Movimento faz do protesto não um fim em si-mesmo mas apenas o começo de uma nova proposta pública que englobe a manutenção do Mercado no âmbito das políticas públicas municipais, como é prática corrente na generalidade dos mercados de frescos tradicionais em Portugal.

Para além do aspecto arquitectónico, o texto legal de classificação do Mercado como edifício de interesse nacional refere claramente o seu «valor urbanístico e sócio- cultural, enquanto edifício de referência na paisagem urbana da cidade do Porto e na vivência da população, constituindo um espaço privilegiado de encontro de gerações e classes sociais». O que a Mercado Urbano e a Câmara pretendem é oposto disto mesmo. Ficamos com a convicção de que a anunciada intenção de incluir de alguns dos tradicionais comerciantes serve apenas para criar a ilusão de que a CMP tentou que existisse um mercado de frescos, quando sabe antecipadamente que estes valores são impraticáveis para eles. Assim até poderá um dia argumentar que se não há mercado é porque os comercaint3es não quiseram…

Defendemos uma verdadeira reabilitação do magnífico edifício modernista do Mercado, o que implica a valorização do seu espaço interior mantendo as características genéricas actuais que justificam plenamente a sua classificação como Património. Defendemos também alguma inovação funcional mas sempre com o objectivo de manter e valorizar um Mercado de comércio tradicional de frescos.

Porto, 15 de Agosto, 2011

Agentes culturais em defesa do Mercado

Mercado do Bom Sucesso, fotografia de Inês d'Orey, Janeiro de 2011

Diversos nomes de agentes da cultura subscrevem um manifesto pelo Mercado do Bom Sucesso. Transcrevemos aqui o seu texto e nomes de subscritores:

MANIFESTO ‘O Mercado do Bom Sucesso é Cultura!’

Somos agentes e produtores de cultura na e para a cidade do Porto.

Entendemos que cultura se faz de pequenas e grandes coisas na vida duma cidade.

De salvaguarda do património arquitetónico mas também de proteção do comércio de proximidade, sustentável, mais humano.

Indignamo-nos porque o Mercado do Bom Sucesso deve ser requalificado e mantido como equipamento público ao serviço da população.

Não queremos que seja convertido num complexo de shopping, hotel, parques de estacionamento e lojas de produtos alimentares de luxo.

Compreendemos as palavras de tantos cidadãos e cidadãs que apoiam esta causa e a que aqui damos voz:

«Eu nasci aí dentro desse majestoso monumento desta cidade e jamais aceitarei que a sua essência seja desvirtuada. É e será sempre o meu local de nascimento e a minha segunda casa actualmente, mas no coração será eternamente a minha primeira casa, a minha primeira escola de vida pelo muito que aprendi e pelo muito que “cresci” nesse grandioso espaço. Todos juntos seremos uma força indomável que não permitirá o assassínio deste símbolo da cidade».

«O património tem que ser cuidado, requalificado, não desvirtuado à sombra de uma pseudo-requalificação…»

«Um edificio que tanta história conta da cidade, que foi o local de compras da nossa infância. Não se rendam a modernices mas a manter a história e a beleza que nos transmite. Tenham capacidade conservação da história dum povo.»

«Sacudir responsabilidades com concessões trapalhonas deste e de outros espaços (a lista vai engordando) é não querer contribuir para um futuro melhor, nosso e dos que virão!».

«É esta integridade de espaço, luz, matéria e forma que desenha a identidade arquitectónica do Mercado do Bom Sucesso, edifício recentemente classificado como ‘monumento de interesse público’. Embora dizendo respeito a todos os cidadãos, permitam-me que afirme que os arquitectos se deverão situar na primeira linha deste protesto».

«[…] estaremos a defender o que é nosso: todo ele um cenário interior que nos transporta para uma atmosfera ainda não esquecida. Graças a uma arquitectura pensada, que hoje conserva a genuína convivência e proximidade entre pessoas, que resiste à frieza das relações humanas das grandes superfícies, e que tanto orgulha e caracteriza a gente do norte.»

O Mercado deverá ser revitalizado, dinamizado com possíveis actividades complementares à sua função, mas preservando a sua identidade de Mercado e de edifício público, de bem patrimonial cultural e humano da cidade do Porto.

Como cidadãos empenhados pretendemos que o edifício do Mercado continue «a marcar a sua época», através do respeito pelo património construído e classificado e que continue «marcar o seu fim» de mercado tradicional de frescos, sempre actual numa cidade viva.

ACdP – Associação de Cidadãos do Porto

Ada Pereira da Silva – professora e produtora cultural

Adelaide Teixeira – atriz

Ana Luísa Amaral – poeta

André Cepeda – artista/fotógrafo

António Capelo – ator

António Costa – programador

Carlos Romão – designer gráfico e fotógrafo; Blog A Cidade Surpreendente

Cassiopeia – estrutura de produção cultural

Colectivo Maldita Arquitectura

Isabel Lhano – pintora

João Fernandes – curador de arte contemporânea

Jorge Campos – professor e documentarista

Júlio Gago – presidente do CCT/Teatro Experimental do Porto

Manuela Bacelar – autora

Maria Gambina – estilista

Mário João Mesquita – arquiteto, professor de Arquitetura na FAUP

Mário Moutinho – ator, diretor artístico do FITEI

Pedro Abrunhosa – músico

Pedro Lamares – ator

Teatro Plástico – companhia de teatro

Teresa Carrington – artista plástica

Notícia no JPN

«Bom Sucesso: Movimento pelo mercado vai sair à rua»

Por Silvana Cunha – Publicado: 09.05.2011 | 16:48 (GMT)

A 19 de Maio, pelas 17h00, o movimento “Mercado do Bom Sucesso Vivo!” vai concentrar-se na entrada principal do edifício. O objectivo é mostrar desagrado e dar a conhecer à população o que a câmara do Porto pretende fazer com o espaço».

Ler a notícia completa aqui.

Impedir a Demolição do Mercado Bom Sucesso! Ação Cidadania e Protesto

Ainda há muitas pessoas que desconhecem o futuro que a Câmara do Porto pretende dar ao Mercado. É importante passar a palavra, é importante agirmos em defesa da cidade.

Quinta, 19 Maio de 2011, às 17h00 vamos concentrar-nos na entrada principal do Mercado do Bom Sucesso e exigir:

  •  Proteção do PATRIMÓNIO CULTURAL E HUMANO!
  • Um MERCADO REVITALIZADO!
  • NÃO MAIS SHOPPINGS!
  • NÃO À CONCESSÃO do Mercado a empresa privada por 50 ANOS+20!
  • Salvaguarda do EDIFÍCIO CLASSIFICADO pelo IGESPAR (25 Jan 2011):

“A classificação do Mercado do Bom Sucesso fundamenta-se no seu valor arquitectónico, enquanto exemplar notável da arquitectura modernista dos anos 50, no seu valor urbanístico e sócio-cultural, enquanto edifício de referência na paisagem urbana da cidade do Porto e na vivência da população, constituindo um espaço privilegiado de encontro de gerações e de classes sociais.” Portaria n.º 250/2011.

Todas as presenças são importantes. Divulga e comparece!

TODAS E TODOS AO MERCADO!  PELO BOM SUCESSO!

Que proteção do património social e cultural?

vista panorâmica do Mercado do Bom Sucesso, foto de Carlos Romão

A 25 de Janeiro de 2011 foi publicado o diploma que classifica o Mercado do Bom Sucesso como «monumento de interesse público».

Vale a pena relembrar o texto:

«A classificação do Mercado do Bom Sucesso fundamenta-se no seu valor arquitectónico, enquanto exemplar notável da arquitectura modernista dos anos 50, no seu valor urbanístico e sócio-cultural, enquanto edifício de referência na paisagem urbana da cidade do Porto e na vivência da população, constituindo um espaço privilegiado de encontro de gerações e de classes sociais». – Portaria n.º 250/2011, de 25 Janeiro 2011, Diário da República II Série, nº 17.

Agora, apenas 4 meses depois, 25 de Maio é o dia do anunciado encerramento do Mercado.

Acabámos de confirmar que o projeto para a falsamente chamada requalificação do Mercado ainda não foi submetido ao IGESPAR. A espavantosa ideia de o transformar noutro shopping ainda não tem suporte técnico. Porquê então encerrar já Mercado?

Quem protege esse património arquitetónico? Quem defende o património socio-cultural gerado pelo comércio de proximidade?

É pergunta que se faça?

foto de Ségozyme, Flickr

“Acha bem a reabilitação do mercado do Bom Sucesso?” é a pergunta que Câmara do Porto propõe no seu site numa “sondagem” ao público em geral.
É evidente que esta pergunta, feita de modo simplista, leva a grande maioria dos cidadãos a respoder de forma positiva.
Todo o Portuense deseja, por definição, não só a reabilitação do Mercado do Bom Sucesso, mas também do Mercado do Bolhão, do pequeno comércio de rua, do Cinema Batalha, do centro histórico do porto e baixa em geral, etc, etc…
O que este movimento de cidadãos pela  propõe é isso mesmo: uma “verdadeira” reabilitação do Mercado do Bom Sucesso.
Reabilitação enquanto Mercado.
Reabilitação enquanto Património Humano e por isso somos pela manutenção e ampliação do número de comerciantes do Mercado.
Reabilitação enquanto património modernista, com a sua fachada e sobretudo com o seu magnífico interior que defendemos deve manter as características existentes neste momento.

A Câmara não propõe a reabilitação do Mercado.
A Câmara propõe a reabilitação da fachada do edifício e a alteração completa do seu interior, adulterando Património classificado e descaracterizando uma obra ímpar do nosso modernismo.

Por isso, propomos aos responsáveis pelo site da Câmara a substituição daquela por uma questão verdadeira, não falaciosa nem manipuladora da  questão que interessa esclarecer.

Panorâmicas do Mercado do Bom Sucesso

Hoje continuamos a exposição virtual de fotografia com contributos de Carlos Romão.

Trata-se de fotos inéditas, panorâmicas, deste belíssimo espaço. Outra visão, outras leituras.

Mercado do Bom Sucesso, foto de Carlos Romão, Março de 2010

Mercado do Bom Sucesso, foto de Carlos Romão, Março de 2010

Mercado do Bom Sucesso, foto de Carlos Romão, Março de 2010

Mercado do Bom Sucesso, foto de Carlos Romão, Março de 2010

Exposição fotográfica Bom Sucesso Vivo!

Este Mercado é digno de um olhar atento. Pelo edifício, pelas pessoas que nele trabalham, pelo movimento num espaço de comércio tradicional.

Pedimos a alguns fotógrafos e fotógrafas que nos emprestassem os seu olhar e a sua arte na defesa do Mercado do Bom Sucesso. Hoje começamos a editar uma exposição virtual com os contributos de Inês d’Orey, datados de Janeiro de 2011.

Abrimos esta exposição num momento em que a qualidade deste edifício está atestada e protegida pela lei ao ser-lhe reconhecido interesse público, num momento em que esta causa ultrapassou os 10 000 amigos no Facebook.

O Mercado continua a precisar do apoio de todos e todas. Para que este equipamento permaneça público e dedicado ao comércio tradicional.

fotografia de Inês d'Orey, Janeiro de 2011

fotografia de Inês d'Orey, Janeiro de 2011

fotografia de Inês d'Orey, Janeiro de 2011

fotografia de Inês d'Orey, Janeiro de 2011

Concessão do Mercado e Classificação do edifício

Os acontecimentos têm-se sucedido nestes últimos dias, no que toca ao Mercado.
Manuel Correia Fernandes, vereador do PS, questionou o executivo camarário, a 11 de Janeiro, sobre a impossibilidade legal de os blocos projectados para o interior do mercado tocarem a estrutura do edifício. Referia-se à obrigatoriedade de cumprir com o Regulamento Geral de Edificações Urbanas.
Entretanto, ontem, a Câmara assinou o contrato de concessão com a Eusébios. Disto dá notícia a imprensa de hoje, nomeadamente «O Público».

Curioso, no entanto, é que esta assinatura foi sucessivamente adiada, sendo finalmente feita no mesmo dia em que o Mercado é classificado como edifício de interesse público e a sua envolvente é protegida, notícia em destaque no Porto24.

Se a classificação (Portaria n.º 250/2011) só nos dá motivos para regozijo, no seguimento do Manifesto de Arquitectos do Porto e da petição pública – com assinaturas em papel e em-linha – feita entre a população que recolheu alguns milhares de assinaturas, este é um momento de preocupação quanto ao futuro do Mercado do Bom Sucesso.

Note-se que segundo a 107/2001, de 8 de Setembro, não só o edifício como o seu contexto social e cultural devem ser preservados. A lei refere ainda a preservação das condições ambientais. Ora são precisamente esse contexto e essas condições que estão ameaçadas com a criação de mais um centro comercial na zona do Boavista, Porto. Receamos mesmo que, a ideia de ter algumas bancas de produtos alimentares caros no seu interior, não se destine apenas a dar a impressão de que ainda existe um Mercado, como a lei recomendaria.
Se o edifício do Mercado, desenhado com esta finalidade precisa, for alterado para uma amálgama indiferenciada de usos naturalmente que estas condições não serão observadas nem respeitadas.
E se a ideia de construir dentro da fachada dois blocos destinados a escritórios e hotelaria parece ser manifestamente incompatível com a preservação da integralidade da estrutura do edifício original, levantam-se ainda todo o tipo de reservas quanto à salubridade dessas estruturas sem contacto directo com o exterior.
Note-se que actualmente temos um Mercado Municipal Público. A pretensão dos concessionários de terem alguns postos de venda de produtos de alto preço não se enquadra nesta funcionalidade de comércio de proximidade, sustentável como tal, no extremo oposto dum tal centro comercial para produtos de luxo.

Qual a racionalidade de destruir o que é único e deveria ser protegido e acarinhado, como acontece noutras cidades, e avançar para aquilo que não tem futuro? Quem assumirá as responsabilidades se tivermos mais um edifício semi-abandonado?
A única saída racional é requalificar o Mercado como equipamento municipal, mantê-lo em bom estado e permitir a instalação de novos comerciantes tradicionais (conforme aliás muitas tentativas e propostas sempre rejeitadas pela Câmara). Assim se reanimaria a zona com base em actividades económicas que não são uma moda passageira e se dariam oportunidades de emprego com futuro.

Por tudo isto o Mercado do Bom Sucesso necessita ainda do nosso apoio para que não tenhamos um dia de vir a pedir contas a quem tanto pressionou para que este espaço se convertesse num «shopping» que, passada a moda dos primeiros momentos, se venha a tornar em mais um espaço semi-abandonado, como tantos outros à sua volta estão agora.

Pedido de audiência ao Min. Cultura e resposta recebida

O Movimento fez, há alguns meses, um pedido de audiência ao Ministério da Cultura. A resposta chegou há alguns dias. E aqui fica a reposta que nós próprios enviámos ao Ministério:

0.

Recebeu este Movimento de Cidadãos uma mensagem por eMail, não assinada, e datada de 21 de Abril de 2010, com a seguinte procedência: Gab Sec Est Cultura <gsec@mc.gov.pt> .

1.

Sobre os parâmetros estabelecidos pelo Ministério da Cultura como base para a classificação que se propõe efectuar para o Mercado do Bom Sucesso – citações site IGESPAR, 2010 – Ficha técnica

Categoria / Tipologia

Mercado

(…)

Situação actual

Em Vias de Classificação

(…)

Categoria da Classificação

Em Vias de Classificação (com despacho de abertura)

(…)

Descrições

Nota histórico – Artística

(…) No interior, e obedecendo ás particularidades programáticas do edifício, a concepção espacial do edifício organiza-se por zonamentos, com bancas particularizadas por produtos de diferentes naturezas.

(…)

Esta obra atinge um expressionismo notável ao resultar da conjugação de valores como a curva horizontal da planta e o dinamismo operado no perfil da cobertura, elementos que resultam valorizados na qualidade da luminosidade obtida no espaço criado.(…)”

NOTA DO MOVIMENTO:

Enquanto movimento que se propõe salvaguardar o Mercado do Bom Sucesso – quer enquanto tipologia mercado, quer enquanto edifício modernista – acusamos a recepção em 21 de Abril de 2010 de um e-mail relativo a este assunto da parte do Ministério da Cultura claramente contrário a estes propósitos – os propósitos que o próprio Ministério se propõe a defender no site do IGESPAR com a sua proposta de classificação.

É clara nesta missiva a mudança de opinião por parte do Ministério relativa ao programa Mercado para este edifício:

Citação do e-mail 21 de Abril de 2001 – Ministério da Cultura, Ponto 2:

O Estudo apresentado a concurso prevê a preservação da Espacialidade interior, pese embora, seja introduzido nas extremidades dois blocos, um destinado a Hotel e outro a escritórios. Ao centro mantém-se um espaço destinado a mercado de comércio, eventualmente mais ajustado a novos padrões de hábitos de consumo. Toda a imagem exterior do imóvel é mantida.”

Em nada se verifica a preservação da função Mercado, sobretudo tal como a função actualmente se apresenta – apenas e exclusivamente Mercado.

Diminuiria o número de comerciantes de aproximadamente 144 para cerca de 40, conforme a proposta conhecida de alteração projectada pela empresa Eusébios.

Consideramos que a aprovação deste Projecto por parte do Ministério da Cultura contradiz igualmente os seus próprios parâmetros de classificação enquanto edifício Modernista, claramente expressos no site do IGESPAR:

a) O “expressionismo notável ao resultar da conjugação de valores como a curva horizontal da planta e o dinamismo operado no perfil da cobertura, elementos que resultam valorizados na qualidade da luminosidade obtida no espaço criado”, conforme o site do IGESPAR,

são profundamente afectados pela introdução dos tais blocos interiores previstos pelo projecto da empresa Eusébios.

“pese embora, seja introduzido nas extremidades dois blocos, um destinado a Hotel e outro a escritórios”, citação e-mail do Ministério, o que, ao contrário do afirmado no mesmo e-mail, não prevê de modo alguma preservação da Espacialidade interior”, portanto.

b)” Toda a imagem exterior do imóvel é mantida.”- citação e-mail do Ministério.

Concordamos com este ponto, e reforçamos que neste edifício concreto o objecto de preservação que o Movimento pretende valorizar em consonância com o proclamado no site do IGESPAR é a sua totalidade, não apenas a fachada, assim como a sua funcionalidade.

O interior – precisamente o alvo da intervenção do Concurso elaborado pela Câmara do Porto, ganho pela empresa Eusébios e participado pelo Ministério da Cultura enquanto júri.

Citação do e-mail 21 de Abril de 2001 – Ministério da Cultura, Ponto 1:

1.O Ministério da Cultura, através da Direcção regional de Cultura do Norte (DRCN) integrou, a convite da Câmara Municipal do porto, o Júri do Concurso Público Internacional para a Constituição do Direito de Superficie sobre o Mercado do Bom Sucesso, tendo analisado as duas propostas apresentadas nesse contexto, com base nos estudos prévios apresentados.

(…)”

Em nada se verifica a preservação da espacialidade interior expressa pelas intenções iniciais do IGESPAR, quando inclusivamente o próprio objecto do Concurso foi a alteração física do espaço.

A própria participação do Ministério no júri deste Concurso contradiz a classificação patrimonial a que se propôs. Enquanto movimento, temos a certeza que o Ministério da Cultura tem o poder e todos os instrumentos legais à sua disposição para anular o Concurso efectuado, assumindo a seu encargo a Protecção do Património a que se propôs.

Este é efectivamente o seu primeiro dever para com os cidadãos, independentemente de qualquer participação enquanto júri do Concurso de Concessão do direito de Superfície:

Citação e-mail do Ministério:

4. Quanto ao procedimento de classificação do imóvel, o Mercado do Bom Sucesso obteve em 28/10/2009 um parecer favorável à classificação como Monumento de Interesse Público por parte do Conselho Consultivo do Instituto de Gestão do património Arquitectónico e Arqueológico, I.P. (IGESPAR, I.P.).”

2.

Citação e-mail do Ministério:

Ao centro mantém-se um espaço destinado a mercado de comércio, eventualmente mais ajustado a novos padrões e hábitos de consumo.”

Fazemos notar que a empresa Eusébios anunciou que pretende construir um misto de centro comercial/escritórios/hotel/lojas gourmet. Toda a zona envolvente deste edifício, a Boavista, está já saturada de construções deste tipo, havendo imensas lojas abandonadas em centros comerciais nessa mesma rua ou ruas adjacentes. Não compreendemos o que poderá tal modelo ter de «mais ajustado» do que o actual mercado municipal. Tivesse este equipamento público condições para operar com toda a dignidade e a higiene requeridas na actualidade, fossem novos comerciantes autorizados a estabelecer-se aí e o mercado não apresentaria a situação de abandono que poderá estar por trás do equívoco de o considerar «pouco ajustado». O contrário tem sido feito sistematicamente pela Câmara Municipal do Porto a quem compete a manutenção do edifício, mas que tem, pelo contrário, proibido toda a intervenção de manutenção por parte dos próprios comerciantes e não tem feito nenhuma por iniciativa sua. Isto é particularmente patente no estado de degradação em que recentemente instalou as bancas do peixe depois de mudar as comerciantes para outra zona do edifício, colocando bancas de inox por cima dos escombros das anteriores, de tijolo e azulejo.

3.

Sobre os efeitos da abertura de um processo de Classificação

-citação Lei nº 107 / 2001 – Bases da Política e do regime de protecção e valorização do património cultural

Efeitos da abertura do procedimento

Artigo 42º

Efeitos da abertura do procedimento

1 – A notificação do acto que determina a abertura do procedimento de classificação de bens imóveis nos termos do artigo 15º da presente lei opera, além de outros efeitos previstos nesta lei, a suspensão dos procedimentos de concessão de licença ou autorização de operações de loteamento, obras de urbanização, edificação, demolição, movimentos de terras ou actos administrativos equivalentes, bem como a suspensão dos efeitos das licenças ou autorizações já concedidas, pelo prazo e condições a fixar na lei.

(…)”

Sobre a qualidade da salvaguarda prevista para um edifício ainda em “Vias de Classificação” – em tudo semelhante à de um edifício já Classificado

-citação Decreto-Lei nº 309 / 2009 – Classificação de bens Culturais Imóveis

No preâmbulo do Decreto-lei:

Na verdade, a lei nº 107 / 2001 de 8 de Setembro, determina cautelarmente que o início do procedimento de classificação tem como consequência a suspensão dos procedimentos e licenças ou autorizações urbanísticas em relação ao imóvel como condição da respectiva salvaguarda. Entende-se que a suspensão se deve manter até à decisão do procedimento de classificação.(…)”

(…)

Artigo 15º

Suspensão de licenças ou autorizações

(…)

A Suspensão dos procedimentos de concessão de licença ou autorização (…) mantém-se até à decisão final do procedimento de classificação, salvo se outro prazo for estabelecido na decisão de abertura do respectivo processo de classificação.

(…)”

4.

Sobre o dever de actuação do Estado perante uma situação de atentado patrimonial em execução.

-citação Lei nº 107 / 2001

Artigo 33º

Medidas provisórias

1 – Logo que a administração Pública tenha conhecimento de que algum bem classificado, corra risco de destruição, perda, extravio ou deterioração, deverá o órgão competente da administração central, regional ou municipal determinar as medidas provisórias ou as medidas técnicas de salvaguarda indispensáveis e adequadas, podendo em caso de impossibilidade própria, qualquer destes órgãos solicitar a intervenção de outro.

(…)”

NOTA DO MOVIMENTO:

Assim, e enquanto Movimento que pugna pela salvaguarda do património Mercado do Bom Sucesso, chamamos a atenção às autoridades para o seu dever de inverter o atentado em curso, para o qual a Lei nº 107 / 2001 e o Decreto-Lei nº 309 / 2009, remetem e a que obrigam.

Com os nossos cumprimentos,

Movimento Bom Sucesso Vivo!